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Como conciliar os estudos teóricos à prática diária do instrumento

Para além do estudo específico do instrumento, sobre a importância das
disciplinas que compõe a grade curricular de um estudante podemos afirmar que:

“Alguns músicos limitam-se a dominar apenas a técnica
de seu instrumento. Estes nunca irão atingir a perfeição, pois,
além da habilidade mecânica, o músico precisa ter domínio de
toda a ciência musical, que se estrutura em várias disciplinas:
teoria (básica) da música, solfejo, ritmo, percepção melódica,
rítmica, tímbrica e dinâmica, harmonia, contraponto, formas
musicais, instrumentação, arranjo, fisiologia da voz, fonética,
pedagogia da música, história da música, análise, acústica,
estética, regência e técnica de um ou mais instrumentos
específicos”. (MED, 1996, p.9)

Nos meus dez anos de estudos na área da música, seja em faculdade ou
conservatórios, notei que a maioria dos alunos não dão a devida importância aos
estudos teóricos, ou pelo menos não dedicam uma carga horária suficiente para que
absorvam o essencial para uma formação sem lacunas. Nos dias de hoje é muito comum
termos excelentes performances (músicos práticos) mas com sérias lacunas que os
impedem de se tornarem músicos ainda melhores. São vários aspectos que contribuem
para esse ciclo vicioso:

• Alta exigência TÉCNICA de repertório a cumprir ao longo do semestre,
• Concertos,
• Ensaios,
• Prática de câmara,
• Provas com bancas, etc.

O estudo conservatorial tem como primazia formar grandes intérpretes e virtuoses, mas
é preciso levar em consideração que o estudante de baixa renda cujo objetivo é
profissionalizar-se, precisa fazer cachês e muitas vezes dar aulas, tudo isso vai minando
o seu tempo obrigando-o a estudar como e quando pode, enquanto os demais dividem
o dia com o período escolar.

Compreendo a importância de cada uma dessas disciplinas, mas como são
ministradas (cada uma em sua caixinha) como se fossem partes excludentes e
separadas, não nos ajuda a ter uma compreensão global. Como adepto da metodologia
Suzuki acredito numa formação mais integralista, por exemplo: Ao estudar o
instrumento podemos treinar solfejo, análise fraseológica, motívicas, harmônica,
perceber os intervalos, tonalidade, escalas, matizes, agógica, contraponto, enfim. Tudo
se resume em fazer associações. O que adianta estudar seis semestres de Teoria e
percepção se não consegue tirar uma música de ouvido? Quando vou estudar meu
instrumento, não me limito apenas a prática, estudo música como um todo, tentando
perceber e fazer conexões de cada um dos aspectos anteriormente mencionados.

Dicas de como organizar os estudos ou como conciliar e aplicar na prática:

  1. Para o iniciante, que está fazendo o curso regular com todas as disciplinas
    recomendo que organize seu tempo de estudo teórico separadamente

2. Aos demais alunos que já possuem um cabedal de conhecimento teórico e que
não querem perdê-lo por não ter tempo para estudar, sugiro que aplique o olhar
mais complexo sobre a obra ou peça que está praticando. Faça o solfejo
melódico, rítmico, separe as frases, períodos, note a direcionalidade sonora
(notas angulares), faça a análise harmônica, procure obter mais informações
sobre o compositor, o período em que a peça foi composta, assim você fará um
estudo mais abrangente e que não o limita apenas em detalhes técnicos.

Eu gosto de adotar esse olhar mais integral e complexo para conciliar os estudos
teóricos com a minha prática no pouco tempo que tenho disponível. Não tenho a
pretensão de lhes dizer como proceder e sim passar algumas experiências que são úteis
no meu dia a dia. Lembre-se: “Sem pressa, sem descanso” – S.Suzuki. Música é disciplina,
metodologia e universalidade.


Giliard Coelho – Professor de Violão e Teoria Musical

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